----ELEGIA DA VIAGEM
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"ALEXANDRE O GRANDE"
É UM FILME
QUE EM 4 HORAS EXPRIME
EM GRANDE
AS CONTRADIÇÕES
DO GOVERNO E DAS POPULAÇÕES
NO LOCAL
ONDE FOI O NATAL
DA MÁGICA
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
E
ONDE HOJE CEGOS
ESQUECEMOS OS GREGOS
COM PRAGMATISMO
E CINISMO
NUM MUNDO ESTRANHO
ONDE MESMO EM TEMPO DE FOME
ALEXANDRE MAGNO É ENORME
E ESTRANHO
MAS NÃO SE PERDE A PISTA
AO OUVIR EM GREGO
O HINO ANARQUISTA
NO SOSSEGO
DA NEVE
QUE NESTE FILME TEVE
A FUNÇÃO
DE CHAMAR A ATENÇÃO
PARA A REVOLUÇÃO
ENQUANTO A NEVE SE DERRETE
E
A ACÇÃO SE COMPROMETE
NUM RELÓGIO PARTIDO
DE UM MUNDO COMPROMETIDO
EM QUE A GEOGRAFIA
SE DEFINIA
COMO UMA PARADA
DESFOCADA
EM QUE DÓI
AO AUTO PROCLAMADO HERÓI
A HISTÓRIA
DA VITÓRIA
NA PEQUENEZ
DA NUDEZ
NO PRÉ JULGAMENTO
QUE É UM MOMENTO
DE FARSA TOTAL
DE UM VERDADEIRO TRIBUNAL
NUM CENÁRIO CAMPAL
ONDE DÁ POR SI
A DEFENDER O "CADA UM POR SI"
ONDE A SORTE
CAUSOU A DOR
COM A MORTE
DO PROCURADOR
NUMA ACÇÃO FEIA
DESTE JULGAMENTO NA ALDEIA
QUE RECEIA
O MOMENTO
DO FUZILAMENTO
EM QUE A RENDIÇÃO
DÁ A RAZÃO
PARA A DEPOSIÇÃO DAS ARMAS
AFASTANDO OS FANTASMAS
DE UMA VINGANÇA
SEM ESPERANÇA
NA DANÇA DO PODER
QUE FAZ SOFRER
MAS É LINDO DE VER
NO ALEXANDRE AGASTADO
AO SER DERROTADO
PELA EPILEPSIA
QUE LHE ROUBA A MAGIA
ENQUANTO SE CONTINUA A VER
UM FILME DA PROPRIEDADE E DO PODER
COMO FATALIDADE QUE FAZ SOFRER
COMO UM GOLPE DE MÃO
FEITO À TRAIÇÃO
NUMA EMBOSCADA
DESENROLADA
NA OBSCURIDADE
DA BELA LUMINOSIDADE
QUE NOS CONDUZ
A QUEM NO SEDUZ
NUM RESTO
DE HIPOTÉTICO INCESTO
QUE PODE SER SÓ O SEGUIR
DE UM DOCE DORMIR
ENQUANTO CÁ FORA
ESTÁ NA HORA
DAS RESPOSTAS
A UMA FACADA NAS COSTAS
QUE PRODUZIU A REACÇÃO
DE DESTRUIR A RAZÃO
NO MOMENTO
DE OUTRO FUZILAMENTO
TENSO
QUE NÃO É SUSPENSO
PELA CHAGA
QUE SE APAGA
NUMA EIRA
À BEIRA
DE UM RIO
QUE CORRE FRIO
E
FORTE
LAVANDO A MORTE
QUE TODOS E TUDO ENVOLVE
MAS NADA RESOLVE
NUMA CHARADA
DE QUE NÃO RESTA NADA
E
ONDE ATÉ A BANDEIRA BRANCA
DESENCANTA
NUMA COLEIRA
DE ARRASTAMENTO FORTE
PARA A MORTE
QUE NOS DIZ
QUE O FINAL
NÃO É FELIZ
AOS OLHOS DO PETIZ
DA TERRA FRIA
DE AGONIA
ONDE UM FUNERAL
É
SÓ UM PRÉ FINAL
POIS HÁ CONTINUAÇÃO
NA NEGOCIAÇÃO
INCERTA
NA ALDEIA QUE PARECE DESERTA
ATÉ AO TIROTEIO
QUE É O MEIO
DE SALVAGUARDAR
SEM SALVAR
MAS A LAVAR
UMA COMUNIDADE
QUE REPRESENTA A HUMANIDADE
A SOFRER
E
A MORRER
NAS MÃOS DO PODER
QUE PELO ETERNO SUBMETER
NÃO O SABE SER
ACABABANDO POR ESQUECER
QUE O FINAL
É
SEMPRE MORTAL
NO EMBARAÇO
ONDE REINA O CANSAÇO
DO TEMPO NOVO
QUE VOLTA A ENGANAR O POVO
POIS DE REPENTE
HÁ UM NOVO
OVO DA SERPENTE
NA ORFANDADE
DE CADA COMUNIDADE
COM O VESTIDO NEGRO
DO POVO GREGO
SIMBOLICAMENTE A CAVALGAR
PARA NOS ENSINAR
EM CADA DIA
A RESPEITAR
A DEMOCRACIA. (**)
(**) Escrito durante a exibição do filme na Sala Luís de Pina na Cinemateca A 2.4.2012.
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